E a Mostra Internacional
de Cinema de Ouro Preto desperta para o seu segundo dia de atividades. Após uma
maratona de curtas do mundo todo durante parte do dia, a tela deu lugar ao
cineasta carioca Leon Hirszman, influente
nome do Cinema Novo. Cada um dos presentes foi convidado a refletir sobre as
questões levantadas nas quatro obras apresentadas. Deu-se início com o primeiro
filme do diretor, “Pedreira de São Diogo”, uma obra de ficção que reproduz o
movimento de resistência de um grupo diante do risco de desabamento do morro em
consequência da intensificação de explosões na pedreira.
A continuidade foi dada com a trilogia de documentários “Cantos do
Trabalho”, registros que exploram a coletividade e o ritmo estimulados pelos
cantos dos trabalhadores rurais nordestinos. A voz em off do cineasta em uma das cenas compartilha a noção de que esse
cantos durante a execução de uma atividade no campo é forma cultural em
extinção.
A sala com fraca luminosidade permaneceu quieta e atenta aos detalhes do
que revelava a tela. E eram tantos os pontos a se notar – os contrastes das
imagens, os cânticos, a impessoalidade dos personagens, o compasso de mãos e
pés ocupados com construção e desconstrução.
Para conversar sobre as obras apresentadas, a mostra recebeu Glauco
Silva Gomes e Marlon Silva, que elucidaram pontos diversos, como o aspecto
atemporal dos registros, já que a questão social permanece. A reflexão conjunta
promoveu o conceito de cinema como forma de debate, onde o cineasta se porta
como uma antena, captando comportamentos e temas de proporção coletiva.
Por Anna Flávia
Monteiro
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