quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cobertura da I Mostra Internacional de Cinema de Ouro Preto por Anna Flávia Monteiro

E a Mostra Internacional de Cinema de Ouro Preto desperta para o seu segundo dia de atividades. Após uma maratona de curtas do mundo todo durante parte do dia, a tela deu lugar ao cineasta carioca Leon Hirszman, influente nome do Cinema Novo. Cada um dos presentes foi convidado a refletir sobre as questões levantadas nas quatro obras apresentadas. Deu-se início com o primeiro filme do diretor, “Pedreira de São Diogo”, uma obra de ficção que reproduz o movimento de resistência de um grupo diante do risco de desabamento do morro em consequência da intensificação de explosões na pedreira.

A continuidade foi dada com a trilogia de documentários “Cantos do Trabalho”, registros que exploram a coletividade e o ritmo estimulados pelos cantos dos trabalhadores rurais nordestinos. A voz em off do cineasta em uma das cenas compartilha a noção de que esse cantos durante a execução de uma atividade no campo é forma cultural em extinção.

A sala com fraca luminosidade permaneceu quieta e atenta aos detalhes do que revelava a tela. E eram tantos os pontos a se notar – os contrastes das imagens, os cânticos, a impessoalidade dos personagens, o compasso de mãos e pés ocupados com construção e desconstrução.


Para conversar sobre as obras apresentadas, a mostra recebeu Glauco Silva Gomes e Marlon Silva, que elucidaram pontos diversos, como o aspecto atemporal dos registros, já que a questão social permanece. A reflexão conjunta promoveu o conceito de cinema como forma de debate, onde o cineasta se porta como uma antena, captando comportamentos e temas de proporção coletiva. 

Por Anna Flávia Monteiro

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